segunda-feira, 10 de março de 2014

Carlos Ronielle

Preconceito Linguístico - Marcos Bagno

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 54ed. São Paulo: Edições Loyola, 2011.

Existe uma série de (pré) conceitos relacionados ao português falado no Brasil, julgando-o desde um idioma muito difícil de ser aprendido, inclusive pelo próprio falante materno, a uma língua homogênea num território de mais de 190 milhões de falantes. Com o objetivo de desconstruir pensamentos como esses é que Marcos Bagno desmistifica oito principais mitos de uma mitologia do preconceito linguístico. A saber: Mito n° 1“O português do Brasil apresenta uma unidade surpreendente. A afirmação sacramentada por muitos, crê numa fala homogênea em que ela seja comum a mais de 190 milhões de brasileiros. Esse pensamento exclui diversos fatores linguísticos e extralinguísticos responsáveis pela heterogeneidade que o português brasileiro assume. Mito n°2: “O brasileiro não sabe português/ Só em Portugal se fala bem português. Esse mito reflete um complexo de inferioridade de um povo que traz consigo as marcas da colonização em que a própria língua é subjugada inferior em relação à língua do país colonizador. Chegando ao absurdo de dizer que o próprio falante, embora materno, não saiba seu próprio idioma por não utilizá-lo tal quais seus irmãos lusitanos. Mito n°3: “Português é muito difícil”. Essa ideia só corrobora o mito anterior de que “brasileiro não sabe a sua própria língua”. Na verdade, confunde-se a o uso da língua com o estudo da gramática baseada em normas gramaticais literárias de Portugal. Por isso, que esse mito ainda ganha teor de verdade, uma vez que a dificuldade se encontra nas inúmeras regras gramaticais, muitas das quais, desvinculadas do uso real da língua. Mito n°4: “As pessoas sem instrução falam tudo errado”. Esse pensamento crê na tríade escola-gramática-dicionário como o único caminho possível para a iluminação no uso correto da língua portuguesa. Logo, as pessoas menos escolarizadas, ou que não passem pelo caminho já citado, têm a sua manifestação linguística considerada como errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente. Mito n°5) “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”. Esse mito tenta se auto justificar tomando por base o fato de no Maranhão usar-se com certa regularidade o pronome “tu”, marcação especifica verbal da segunda pessoa. Mas o mesmo falante por vez esquece-se desse arcaísmo e realiza construções em que o “tu” é substituído por “ti” assumindo a mesma forma do pronome “mim” posposto da preposição para, anteposto de verbo no infinitivo.Mito n°6) “O certo é falar assim porque se escreve assim”. Esse mito logo cai por terra, pois, em nenhuma língua do mundo fala e escrita se equivalem. A escrita surgiu como uma tentativa de representação da fala. Além do que, muitos sons não podem ser diferenciados na fala como o “u” e “l” finais. Mito n°7: “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”. Esse mito é facilmente desmistificado, pois, se é preciso saber gramática para falar e principalmente escrever bem, nossos grandes escritores teriam seus rótulos de “imortais” cassados por inabilidade gramatical, já que muitos desses declararam desconhecer o âmago das regras e exceções gramaticais. Mito n°8: “O domínio da norma-padrão é um instrumento de ascensão social”Se essa ideia de fato fosse verdadeira, os professores de língua portuguesa estariam no topo da pirâmide social. Pois quem além deles tem relação tão íntima com o idioma. Por outro lado, a falta de domínio da norma-padrão não é fator condenatório a exclusão social. Trabalhadores aquém dessa variedade linguistica, também, podem ascendem socialmente.
Terminado os mitos, ainda é discorrido “o circulo vicioso que o preconceito linguístico assume” percorrendo desde os livros didáticos, gramáticos e suas gramáticas normativistas até programas de TV’s com seus quadros em que o português é paciente agonizante a espera de medicação. Seguindo o raciocínio, é apresentada “a desconstrução do preconceito linguístico”, em que, primeiramente, é preciso reconhecer a crise pela qual o ensino de língua está passando. Depois, adotar uma mudança de atitude refletindo sobre questões como: o que é ensinar português? O que é erro? Tudo vale na língua? O que é mais importante em um texto: os “erros” ortográficos ou o encadeamento lógico das ideias?
Por fim, “o preconceito contra a linguística e os linguistas” é debatido, inicialmente, atestando a ciência da linguagem uma importância muito grande. Pois, mesmo antes do cristianismo essa ciência já era estudada. Em seguida, há reflexões sobre o “português ortodoxo”“devaneios de idiotas e ociosos” e por último: “a quem interessa calar os linguistas”?

Fonte: http://poematisando.blogspot.com.br/2012/10/resumo-do-livro-preconceito-linguistico.html

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